Pode o cristão participar do halloween?
A festividade de halloween tem suas raízes nos festivais de outono dos celtas (hemisfério norte). Os celtas viveram há centenas de anos atrás, onde hoje é a Grã Bretanha e o norte da França. Eram idólatras animistas, pois adoravam a natureza e tinham o deus sol como divindade favorita. Seus sacerdotes eram chamados de druidas. Eram influentes guias espirituais e dados a magia e à feitiçaria. Os celtas criam que o ano novo deveria ser comemorado na última noite de outubro, pois o véu entre o nosso mundo e o mundo dos mortos se tornava mais frágil, sendo essa noite o tempo ideal para se comunicar com os que já partiram. Acreditavam que os espíritos dos mortos voltavam ao antigo lar procurando algum contato com entes queridos.
Se os vivos não providenciassem alimentos para esses espíritos, coisas terríveis lhes poderiam acontecer; e se não lhes fosse oferecida uma festa nesta data, atormentariam os vivos. Seria uma noite de medo, pois os aldeões, amedrontados, acendiam fogueiras para honrar o deus sol, sacrificando-lhe animais e oferecendo-lhe colheitas, porquanto temiam que os espíritos matassem seus rebanhos e destruíssem suas propriedades. Para confundir os espíritos, os aldeões passavam a se vestir com roupas negras e usavam máscaras. Ofertavam seus sacrifícios em altares adornados com maçã, simbolizando a vida eterna. O vinho era substituído pela sidra ou suco de maçã. Tudo isso misturado com muita música e dança. O halloween está associado a esses rituais pagãos, reminiscências de supertições ocultistas relacionadas ao sawine, ano novo dos druidas.
Nessa mesma época do ano, os povos latinos e em especial os romanos, comemoravam o festival de Pomona, deusa das frutas e dos jardins. Era uma ocasião de festa e alegria, pois estava relacionada com as colheitas. A maçã e as nozes eram tidas como símbolos da armazenagem de frutas para o inverno; eram, então, ofertadas aos deuses romanos em grandes fogueiras como um gesto de agradecimento por causa da boa colheita do ano anterior. Essa celebração tinha também seu aspecto místico, com espíritos e bruxas presentes rondando as festividades. Os romanos, tendo adotado muitas divindades gregas na criação de sua própria mitologia, tentavam aplacar o ódio de Hecate (rainha do mundo subterrâneo) colocando bolos de mel e corações de galinha como oferenda nas soleiras das portas.
Exigências de alimentos são vistas também no baixo espiritismo (Umbanda, Quimbanda e Candomblé) no Brasil. No umbanda há preferência pelo sangue, já no candomblé as ervas desempenham um papel fundamental. Todas essas oferendas têm uma única finalidade: satisfazer os espíritos para conseguir favores.
O uso de fantasias de bruxas no halloween
Bruxas e feiticeiras sempre foram vistas como adoradoras de demônios e detentoras de poderes mágicos e ocultos. Na Idade-Média eram consideradas perigosas, pois se agrupavam em comunidades anticristãs. As mulheres, de um modo geral, eram vistas como feiticeiras em potencial, embora também pudessem ser recrutados homens ou até mesmo crianças. Segundo crenças remotas, as bruxas e feiticeiras eram cuidadosas em seus métodos para seduzir suas vítimas: Sempre faziam promessas: para os órfãos daria uma casa; para a viúva, um amante; para o fazendeiro aniquilado pela seca, uma nova primavera. Mas após as promessas vinham as ameaças e as exigências da mais absoluta lealdade e obediência, forçando seus candidatos a se comprometerem através de pactos demoníacos. As novas feiticeiras deveriam renunciar a Deus, contraindo laços eternos com o diabo. Daquele dia em diante, as feiticeiras eram encorajadas a atrapalhar a vida dos cristãos. Maleficium era o nome do dia propício para a pratica secreta do mal; e, para que suas feiticeiras se transformassem em fontes poderosas de desarmonia, Satanás lhes conferia poderes sobrenaturais.1 Estranhamente, o halloween significa dia das bruxas. É por isso que os participantes dessa festa apreciam tanto as bruxas.
Para confundir os espíritos, os aldeões passavam a se vestir com roupas negras e usavam máscaras.
As fantasias usadas no halloween são inspiradas na concepção do imaginário da Idade Média sobre as feiticeiras, que se apresentavam com chapéu pontudo, duendes, porções mágicas, corvos, sapos e vassouras voadoras. Cria-se que elas tinham capacidade de manipular poderes sobrenaturais, a fim de alterar o clima, causando uma horrível tempestade; voar na noite de lua cheia, deixar alguém cego etc. O objetivo principal, porém, era o culto à fertilidade, para obter o favor dos deuses para a multiplicação2. Eram vistas como instrumento do mal. Essa idéia pavorosa e ameaçadora das bruxas dominou a Europa por muito tempo, sendo um dos principais alvos da perseguição religiosa. Nos séculos XV, XVI e XVII houve uma intensa perseguição às bruxas, levando à morte milhares de pessoas acusadas de bruxaria. Houve grande perseguição por parte da Igreja Católica Romana. Embora ela condenasse esses festivais como Samhain e Pomona, não foi capaz de reprimí-los por completo e então recorreu a um astuto plano. Incorporou o dia desta celebração pagã ao calendário cristão. O grande festival celta em homenagem aos mortos, Samhain, a Igreja incorporou o dia 1º de novembro como Dia de Todos os Santos, celebrando missas em homenagem aos santos e santas que já haviam deixado a vida3. É interessante notarmos que aquilo que era proibido para a Igreja Católica Romana foi aculturado e tornou-se dia santo para se cultuar os mortos, o famoso dia dos Finados.
Como o halloween chegou ao nossos dias?
A festa de halloween foi introduzida nos EUA pelos imigrantes gauleses. Sua celebração está muito relacionada com a história dos celtas e outras crenças religiosas. Atualmente um dos maiores divulgadores do halloween tem sido o sistema de escolas públicas na América do Norte e Europa, patrocinando as atividades dessa festa, através de concursos de fantasias, danças, carnavais, exposições de arte e artesanatos.
O interesse pelo oculto está mais intenso em nossos dias do que em nenhuma outra época. O misticismo assume novas formas, tornando-se moda. Nas bancas de jornais, encontramos todo tipo de literatura sobre ocultismo. Suas mensagens destinam-se a todas as classes sociais, desde o mais pobre até o mais alto executivo. Existem horóscopos para redução de peso e melhoria do desempenho sexual, pedras que curam ou energizam as pessoas, pais-de-santo eletrônicos que fazem mapa espiritual. A astrologia tornou-se em tema comum de conversação em quase todas as grandes cidades do mundo. Existem grupos de ocultismo que asseguram praticar a autêntica bruxaria. O misticismo, a astrologia, a cartomancia e a necromancia têm conseguido atualmente enorme espaço nos meios de comunicação, como nunca antes. São videntes, magos e místicos dizendo que através das fadas, gnomos, duendes ou cristais podem fazer o impossível: prever o futuro. Com essa grande variedade de práticas ocultistas, consolida-se o irresistível gosto popular pelo halloween.
O interesse pelo oculto está mais intenso em nossos dias do que em nenhuma outra época.
Existem muitas lojas especializadas em criar trajes cada vez mais espantosos e macabros. Muitos agricultores apóiam o halloween, uma vez que o abóbora é acessório usado, especialmente nos Estados Unidos, pelas famílias como decoração das lanternas de Jack. O tema também é manipulado por Hollywood, haja vista que aproximadamente 20% dos filmes de terror estão associados ao halloween. É a febre do ocultismo, a espantosa colheita esotérica da Nova Era, que crê no fim da Era de Peixes e o ínicio da Era de Aquarius em 2 001. No Brasil e no mundo nem as crianças são poupadas pelo ocultismo. O mais novo best seller da literatura infantil é um bruxinho chamado Harry Potter, livro que está disparado como o mais vendido do mundo na categoria infantil.
A origem do halloween está intimamente associada à comunicação com os mortos. Crença espírita que ensina que o morto é um mensageiro e deseja trazer algum recado celestial, um ensinamento ou um aviso. Sabemos que a manifestação de espíritos é real. A pessoa que até mesmo por brincadeira se entrega a esses contatos, deve conscientizar-se de que esses agentes não são os espíritos dos mortos, pois os mortos não estão à disposição de evocações, pois aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo (Hb 9.27). Deus não nos deu esta autorização. A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? A lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles (Is 8.19-20).
Considerações finais
Depois de termos visto a origem, a história e o ressurgimento da festa das bruxas, chegamos à conclusão de que a festa de halloween é contrária às Escrituras. Em nossos dias, cresce a apostasia em grupos religiosos associados à bruxaria, satanismo etc. A Bíblia já nos aletava a esse respieto: mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrina de demônios (1 Tm 4.1).
Alertamos, portanto, os pais cristãos para o perigo desta festa comemorada nas escolas e, principalmente, em bailes noturnos, nos quais se pede que seus participantes se apresentem vestidos como bruxo, vampiro, Frankstein, zumbi, sacerdote de magia negra etc. Essa é uma forma de colocarmos nossas crianças, jovens e adultos em contado com o ocultismo. Essas práticas pagãs, sorrateiramente mascaradas de simples festas e divertimentos da cultura anglo-saxônica, têm levado muitos cristãos a participar implicitamente das antigas práticas e rituais satânicos.
A Palavra de Deus declara: Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12). Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma (1 Co 6.12). Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou irritaremos ao Senhor? Somos nós mais fortes do que ele? Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam (1 Co 10.20-23).