Sentença de vida e liberdade

O evangelista João nos traz um relato exclusivo sobre o que pode ter sido o primeiro encontro de Jesus com uma mulher que é apontada como Maria de Magdala ou Maria Madalena como ficou mais conhecida.

“E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto, redarguidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.”
(Jo 8:3-11)

Teste ao Advogado

A narrativa deixa transparecer que os escribas e fariseus queriam aproveitar a ocasião para testar a Jesus em uma questão jurídica. Afinal, já sabiam qual era o tratamento que devia ser dado ao caso: julgamento e execução da pena de morte por apedrejamento.
No próprio discurso, lembraram o que determinava a lei de Moisés sendo que, naquele caso, havia o flagrante. Ou seja, o destino da adúltera aparentemente definido: morte. Todavia, o padrão divino de tratamento a quem peca é muito superior às convenções humanas.


O salmista sabia disso e registra: “Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades. Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.” (Sl 103:10-12).
Aqueles homens tinham conhecimento da espada da lei, mas não reconheciam nada amor de Deus que, como registrou o compositor do hino “Além do nosso entendimento”, Ernesto Wootton, enche a terra e os céus: “Muito além do nosso entendimento/ Alto mais que todo o pensamento/ Glorioso em seu sublime intento/ É o amor de Deus, sem par. Grande amor! Amor de Deus!/ Enche a terra e enche os céus!/ Grande amor! Amor que abrange/ A todo o mundo e atinge a mim!” (Harpa Cristã n° 396).

Uma nova jurisprudência

Aqueles homens, assim como muitos ainda hoje, sabem tudo sobre como matar, mas não entendem nada sobre como redimir.
Eles não sabiam que estavam diante de alguém incomum. Uma personalidade que era 100% homem e 100% Deus. Um pregador da Galileia que tinha uma proposta inovadora, que nunca tinha sido apresentada aos homens antes: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.” (Jo 7:37, 38)

Os carrascos de Madalena queriam vê-la morta, mas levaram exatamente Àquele que poderia lhe garantir a vida. Tentaram usar o caso dela para condenar a Jesus também.
Naquele momento, Jesus que foi apresentado pelo mesmo João em sua epístola como Advogado, suscita uma jurisprudência inédita.

Examine-se, antes de condenar

Um argumento que silenciou os acusadores, obrigou-os a olhar para si mesmos e, então, entender que não estava sob o poder deles determinar a vida ou a morte de qualquer pessoa. A intervenção de Jesus à turba enfurecida foi precisa: “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra”. Ou seja, o Mestre fez com que cada acusador avaliasse a si mesmo. Que possamos aprender com nosso Salvador e Senhor.

Que tenhamos maturidade espiritual para olhar as pessoas à nossa volta sem destacar seus erros, mas vendo que são obras e feituras das mãos de Deus. Pessoas que, assim como a mulher pega em flagrante, precisam de misericórdia, compaixão, atenção e ouvir a sentença de liberdade: “Vá e não peques mais”.

Que sejamos capazes de partilhar o que já recebemos da parte do Senhor, pois fomos alcançados sem qualquer discriminação. Ele nos acolheu em um estado miserável de podridão. Mais que isso: pagou o preço pela nossa vida não com “com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo” (IPe 1:18, 19).

Pr. Dr. Elias Cardoso
Pr. Dr. Elias Cardoso
Pastor Presidente das Assembleias de Deus do Ministério de Perus e CONAMADEMP (Conselho Nacional de Ministros das Assembleias de Deus Ministério de Perus e Igrejas Filiadas)