Missionária Maria de Jesus descansa do labor na seara

O Senhor da Seara, em sua soberania decidiu recolher para si a missionária Maria de Jesus Carvalho da Rosa no dia 1º de dezembro. Seu primeiro embarque com destino ao Malawi ocorreu em 30 de novembro de 2017, junto com o pastor Luiz Carlos da Rosa que descansa no Senhor desde 11 de dezembro de 2019. Deixa um filho, um neto e a nora que recebeu como filha.

EX-PERSEGUIDORA

Ela entregou sua vida a Cristo em 1991. Até o dia do encontro com o Salvador, teve uma infância e adolescência bastante agitada. Por volta dos 14 anos, a família passou a residir ao lado de um irmão da Igreja Deus é Amor.
O vizinho ligava seu equipamento de som com louvores e orações. Maria “virada no Jiraya”, como brincava, pegava cascalho e jogava no equipamento.
Quando foi delatada pela primeira vez, sua mãe deu um corretivo com bainha de facão enxarcada. Por vingança, ela fez segunda vez. Foi flagrada, novamente denunciada e teve mais uma “conversa com a bainha”.

PRECONCEITO

Na juventude, considerava os crentes pessoas sem o que fazer. Criticava a prática da evangelização. Não gostava da forma como as evangélicas se arrumavam. Criticava o cóqui, as blusas sem decotes, saias longas.
Um estilo de guarda-roupa que era muito diferente do seu. Ela detalhava que, ao se converter, uma de suas saias foi doada a uma sobrinha de nove anos! Em resumo, o inimigo a convencia de que “ser crente, era receber uma cartilha do não pode”, recordava.

MOVER DE DEUS

Em janeiro de 1991, uma missionária por nome Rosana, após uma vigília, passou em sua casa. Ao ser atendida explicou que durante a oração, o Senhor lhe passou seu nome e endereço. A visita inesperada revelou, ainda, que Deus provocaria uma mudança na família.
Após este contato inicial, a missionária Rosana propôs uma campanha de oração. Por 15 dias os encontros aconteceram e a semente foi lançada. Concluída a campanha, a missionária avisou: “A partir daqui é com você e Jesus”.
Anotou o endereço de uma igreja em um papel na Viela Sete, Jardim Cidade Pirituba, No primeiro dia sem campanha, missionária Maria sentiu falta de “ouvir aquela crente falar de Jesus”, mas não foi ao local recomendado.
No segundo dia, procurou uma vizinha crente por nome Luzia e disse que queria ouvir “música”. A irmã respondeu “só tenho de de crente”. Era o que queria. Recebeu um disco de vinil da cantora Edna. Correu para dentro de casa.
Uma letra que marcou sua memória foi “Graça” que declara: “O céu é linda morada / onde irei habitar / coroa prometida não receberá / se a porta da graça fechar / que dia será?”.
Ao ouvir o hino, ela recordava que caiu. Quando recobrou a consciência estava banhada em lágrimas. Ali mesmo entregou sua vida a Cristo. Sem a presença de uma testemunha humana, mas diante do Rei da Glória que acolhia mais uma vida resgatada pelo sangue precioso.

JORNADA CRISTÃ

Quando se entregou a Cristo, Maria de Jesus estava desempregada e suas economias foram confiscadas pelo governo Collor.
Com três meses já sendo reconhecida como uma crente, saiu de casa em busca de um novo emprego. Quando estava próxima da 7ª Delegacia da Lapa, viu uma fila e parou nela, às 7 horas da manhã. Considerava que se tratava da entrega de currículos.
Esperou até 9h. Como a fila não saia do lugar resolveu perguntar a uma senhora o motivo. Pela resposta ela ficou sabendo que aquela era a espera para visita de detentos.
Diante da informação, considerou ir embora, mas o Espírito Santo contestou: “Você não está na fila errada. Foi eu que te coloquei aqui e você vai ficar”. Assim, com 90 dias como crente, iniciou na capelania prisional onde atuou por três anos.
Esta experiência definiu seu lema de vida: “Eu recebi e preciso repartir aquilo que eu recebi. Se você recebeu uma boa notícia, passe essa notícia pra frente. Não fique pra você.”