Monte Mor recebe 1ª festividade da Capelania Prisional

Pastor Elias Cardoso: “Como igreja de Cristo, temos de estar prontos para pregar o evangelho em todos os lugares”

No dia 12 de agosto, a sede regional em Monte Mor, a 105 km de Perus, liderada pelo pastor Paulo do Amaral, sediou a 1ª Festividade da Capelania do Ministério de Perus. Partiu da Catedral uma caravana com 36 capelães para prestigiar o memorial histórico de mais esta frente missionária que tem sido conduzida com foco, disciplina, resiliência e, sobretudo, amor pelas almas cativas.

Monte Mor foi definida como a primeira a receber esta celebração especial por ser a cidade onde foram dados os primeiros passos para o fortalecimento da Capelania Prisional. O evangelista Diego Cardoso, coordenador da Capelania em âmbito nacional, glorificou ao Senhor pela oportunidade de reunir dezenas de capelães que têm dedicado o melhor de suas habilidades para semear fé, esperança e amor nos corações de homens e mulheres privados de liberdade.

Embora a necessidade permanente da seara –mais obreiros– esteja presente também nesta frente de atuação, pela bondade do Senhor, a Capelania Prisional da AD Perus tem alcançado diversas unidades prisionais no estado de São Paulo e em outros estados.

O pastor Elias Cardoso, presidente da AD Perus, tem destacado a importância da igreja estar preparada para alcançar estas pessoas. “Como igreja de Cristo, temos de estar prontos para pregar o evangelho em todos os lugares. Para tanto, cumprimos todos os procedimentos jurídicos e, também nisso, damos bom testemunho diante das autoridades”, pondera. Este zelo, segundo o evangelista Diego, tem sido fator diferencial para que a igreja tenha seus pleitos atendidos junto às autoridades de Segurança Pública.

Pastor Paulo do Amaral, líder da regional em Monte Mor, ao lado do pastor Alexandre Fernandes e evangelista Diego Cardoso, coordenador nacional da Capelania

CONVITE

O tema da festividade: “Poderá vir alguma coisa boa do sistema prisional? Vem e vê”, uma paráfrase do texto do evangelho de João 1:46. A insígnia da festa propõe um reflexão e faz um convite.

O evangelista Diego lembra que este mesmo tema foi adotado há 15 anos, em um encontro de ex-presidiários coordenado pelo pastor Alexandre Fernandes, que também esteve presente em Monte Mor. Ele destacou, ainda, que em 2017, junto com o cooperador Júlio César Spedine e presbítero Marcelo de Carvalho, ambos coordenadores, viveram uma situação de portas fechadas para a capelania prisional nas unidades da capital paulista.

JORNADA INVISÍVEL

Em meio aos questionamentos pessoais e após a visão da passagem de um túnel, Deus os conduziu a cumprirem a vocação evangelística pelas unidades do interior. A visão do túnel foi interpretada considerando que o propósito de anunciar o plano de redenção dentro do sistema prisional seria como a passagem de um túnel: sem holofotes, silenciosa, mas com a certeza de um alvo a ser alcançado.

Com este discernimento espiritual, o evangelista Diego recorda que foi instruído pelo Senhor a buscar o preparo na área de Segurança. Parecia não producente, mas todo o aprendizado tinha o propósito definido pelo Senhor de contribuir para a consolidação e crescimento da Capelania Prisional realizada pela Assembleia de Deus – Ministério de Perus, como um braço das missões urbanas supervisionadas pelo Conampe Missões.

Pastor Fernando Cardoso: “Deus te dá oportunidade de estar exatamente onde as pessoas precisam”

IDENTIDADE RECONHECIDA

O pastor Fernando Cardoso foi o preletor do evento. À luz do texto bíblico escolhido como tema, ele definiu o título da mensagem: “Belezas e surpresas para o sistema prisional”.  O preletor elencou como surpresas: 1) convite; 2) informação; 3) testemunho; 4) conhecimento; 5) quebrantamento. Dentre as belezas, Cardoso focou no seguinte: 1) decisão de Jesus em ir para a Galileia; 2) abrir a oportunidade para Filipe segui-lo; 3) ser achado por Cristo e termos a graça de acharmos outros para apresenta-lo como Mestre, Salvador e Senhor. “Você é o instrumento que foi achado, que está onde os anjos gostariam de estar, mas não estão. Deus te dá oportunidade de estar exatamente onde as pessoas precisam. O que fazer? Abre a boca e prega a palavra. O Espírito Santo completará a obra”, declarou.

EXPERIÊNCIAS IMPACTANTES

A festividade apresentou um panorama rico de testemunhos de diversos capelães que representaram a equipe. “Por razões óbvias, não é possível ouvir a todos, mas tivemos no evento uma demonstração das grandes coisas que só o Senhor pode fazer, mediante a pregação do evangelho”, pondera Diego Cardoso.

Foram testemunhos muito breves como, por exemplo, do capelão Deivis Cardoso que, anteriormente, confessou ser um crítico. Ele não entendia porque tanto comprometimento por parte do próprio irmão Diego com esta frente de evangelização. Até que ele foi conhecer de perto e atualmente tem a mesma prontidão e pode, com alegria, testificar as maravilhas que o Senhor opera a partir do momento que o evangelho, que é o poder de Deus, alcança o coração de homens e mulheres completamente desprovidos de esperança, desacreditados da sociedade.

INSTRUMENTO NA CELA

Um testemunho vivo foi relatado pelo presbítero Vagner Monteiro Costa, que serve ao Senhor como dirigente na congregação do Tarsila do Amaral, na cidade de Hortolândia que integra a Regional Monte Mor. Estar hoje entre os príncipes do povo de Deus é a confirmação de que, sim, pode sair algo bom do sistema prisional.

Criado no evangelho, seu afastamento da presença do Senhor em 2007 resultou em um preço muito alto. “No dia 22 de maio de 2008, fui privado da minha liberdade e respondi por dois delitos”, recorda. Ao ingressar no presídio, Vagner, como filho pródigo voltou para os braços do Pai. “Refiz a minha aliança com Deus e durante todo esse período que fiquei recluso no sistema prisional, fiquei fazendo a obra de Deus. Através da Palavra, muitas pessoas que faziam parte da facção e outros que não, mas faziam parte da vida pregressa, abriram mão de tudo e com lágrimas se renderam ao Senhor”, detalha.

A sentença que recebeu em 2008, determinava 22 anos e meio de reclusão em regime fechado. Em 2016, porém, recebeu o benefício de progressão de pena do regime fechado para o semiaberto. Assim, no dia 8 de novembro de 2016, foi transferido para a Colônia de Val Paraíso onde também viu o Senhor realizar “obras maravilhosas de libertação”, como define.

Presbítero Vagner Monteiro: “Eu sou testemunha viva e ocular, de que a Palavra de Deus transforma os improváveis aos olhos da sociedade”

Após 11 meses nesta unidade, foi transferido para o Ataliba Nogueira, em Hortolândia-SP. Nesta unidade, ele foi recebido pela AD Perus em 23 de outubro de 2017, chegando a assumir a liderança da igreja estabelecida no presídio. Na época, outras denominações também estavam cumprindo a grande comissão. Sua opção pela AD Perus, porém, foi motivada por ter seu irmão, pastor Ronaldo Monteiro, como missionário na Europa. Mesmo privado de liberdade, Deus usou a sua vida para que mais reeducandos fossem alcançados pela graça inexplicável e impagável. “Servindo a Deus na AD Perus do Ataliba Nogueira, também ministrei a Palavra com fidelidade e muitas almas foram salvas, famílias restauradas para a glória de Deus”, comemora.

IMPROVÁVEL TRANSFORMADO

O presbítero Vagner testifica sobre o poder transformador, não apenas na teoria, mas por experiência na sua trajetória pessoal. “Para a sociedade, os presidiários são projetos falidos. Mas afirmo que não, pois o trabalho da capelania tem sido de suma importância naquele lugar. Deus tem plantado sua igreja dentro do sistema e arrancado homens e mulheres do submundo do crime e transformado em pregadores do evangelho naquele lugar. Eu sou testemunha viva e ocular, de que a Palavra de Deus transforma os improváveis aos olhos da sociedade”.

O cuidado do Senhor superou as mais altas expectativas. Monteiro pondera que foi honrado por Deus ao poder constituir uma família ao lado da capelã Lucimar Batista que conheceu próximo do momento que receberia sua liberdade. “A conheci apenas como irmã em Cristo. Ao receber a liberdade, pude conhecê-la melhor. Orando a Deus, começamos um relacionamento. Agora, ela assina Lucimar Monteiro, serve a Deus comigo na liderança da congregação no Tarsila do Amaral e como secretária regional da Capelania na Regional de Monte-Mor-SP”, conclui.