LIBRAS: cultos noturnos do congresso da UMADEMP ganharam interpretação

DA REDAÇÃO – Os quatro cultos noturnos do congresso da União de Mocidade da Assembléia de Deus do Ministério de Perus (UMADEMP) agregaram uma qualidade maior a si, a partir da visão oportuna proposta pelo departamento de Mídia que sugeriu e a liderança aceitou, tornando-os mais acessíveis mediante a possibilidade de serem interpretados para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Inédita e experimental, a medida foi vista como funcional e deve se estender para outros eventos de porte que a igreja promover.

No total foram nove intérpretes, atuando no sistema de revezamento a cada 20 minutos. Hinos e mensagens tiveram a ‘tradução’ executada por sete irmãs e dois irmãos, distribuídos às regionais vilas Perus, Santa Maria e Parada de Taipas. Em comum a ambos, uma câmera focando-os o tempo todo, transmitindo as interpretações via internet aos que se plugaram ao face book ou mesmo ao canal do Youtube que transmitiram cultos do congresso geral.

“Há sete anos iniciamos essa prestação de serviços na sede regional em vila Perus. No começo a estranheza era grande, muita gente não compreendia e achava desnecessária a medida. Com carinho, trabalho e conscientização, conseguimos provar que os mudos e surdos também precisam de Jesus. São portadores de uma alma preciosa que não pode perecer assim sem que alguém se preocupe em anunciar o perdão dos pecados através da palavra compartilhada. Deus certo e creio que encorajamos outros a fazerem o mesmo”, analisa a diaconisa Hetiene Fajardo.

Professora de surdos há 13 anos, a diaconisa Cristiane Pereira, definiu como “assustador” o recebimento do convite para atuar nos cultos da UMADEMP. “Foi tudo assim de última hora, e corremos, reunimos um pessoal que se interessou e graças a Deus as coisas deram certo. A consciência que evangelizamos muitos nesses dias nos dá a força necessária para ampliar mais os espaços nas igrejas e fazer com que sejam mais inclusivas, acolhedoras. Libras também é acessibilidade, não podemos nos esquecer disso jamais”, ensina.

Lecionando em uma faculdade, Cristina espera que a experiência tenha sido devidamente entendida pela diretoria e de uma vez por todas implante-se nos cultos esse expediente. “A igreja precisa capacitar quem tenha interesse pela causa. Os apontamentos mostram que são alarmantes os índices de surdos perdidos junto às drogas, prostituição, pessoas que necessitam conhecer a graça. Acredito que a lição foi dada e espero que os resultados nos surpreendam, assim como fomos surpreendidos com o oportuno convite”, compara.

SOBRE LIBRAS

Assim como as diversas línguas naturais e humanas existentes, ela é composta por níveis linguísticos como: fonologiamorfologiasintaxe e semântica. Da mesma forma que nas línguas orais-auditivas existem palavras, nas línguas de sinais também existem itens lexicais, que recebem o nome de sinais. A diferença é sua modalidade de articulação, a saber visual-espacial, ou cinésico-visual, para outros. Assim sendo, para se comunicar em Libras, não basta apenas conhecer sinais. É necessário conhecer a sua gramática para combinar as frases, estabelecendo comunicação.

Os sinais surgem da combinação de configurações de mão, movimentos e de pontos de articulação — locais no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos também de expressões faciais e corporais que transmitem os sentimentos que para os ouvintes são transmitidos pela entonação da voz, os quais juntos compõem as unidades básicas dessa língua. Assim, a Libras se apresenta como um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Em termos de disciplina social, a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – (LIBRAS) e dá outras providências.

Célio Campos
Célio Campos
Jornalista, historiador, editor de Conteúdo do jornal O Arado e mestrando em Comunicação.